III END - Encontro Nacional de Desastres da ABRHidro
 

 

EVENTOS EXTREMOS E SOCIEDADE SOB A PERSPECTIVA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Data:  6 a 9 de março de 2023

Local: Niterói/RJ

 

MENSAGEM DA COMISSÃO ORGANIZADORA

A Comissão Organizadora do III Encontro Nacional de Desastres (END) tem o prazer de anunciar a realização da terceira edição do END no formato PRESENCIAL. A última edição do evento foi realizada virtualmente, agora retornamos com grandes expectativas em receber pesquisadores, professores, profissionais e estudantes de todo país de forma presencial, com intuito de gerar um ambiente enriquecedor e fomentar discussões sobre os desastres e processos associados. Nessa edição, a temática emergente das mudanças climáticas recebe maior destaque, especialmente acerca dos seus efeitos sobre a sociedade e a ocorrência de eventos extremos.

O crescente aumento no número de ocorrências de desastres, em todo o mundo, reforça a necessidade de expandir e intensificar ações visando reduzir o risco e a incidência desses eventos. Segundo relatórios do Centre for Research on the Epidemiology of Disasters – CRED, o número de desastres registrados em 2021 superou a média anual de registros das duas últimas décadas, tendo atingido e afetado a vida de mais de 100 milhões de pessoas. Esse número cresce ainda mais quando consideramos eventos locais e de menor repercussão, mas que da mesma forma resultam em significativas perdas e fatalidades, ocasionando danos ambientais, econômicos e sociais.

A tragédia ocorrida em 2011 na região serrana do Rio de Janeiro, atingida por inundações e deslizamentos, incentivou a criação de uma das principais legislações nacionais de desastres, a lei nº 12.608/2012, que institui a Política Nacional de Defesa Civil – PNPDEC. Esta política traz, entre outras diretrizes, o planejamento com base em pesquisas e estudos de áreas de risco e incidência de desastres, bem como na participação da sociedade civil, reforçando a importância da atuação tanto da comunidade técnico-científica quanto da comunidade civil na efetivação dos objetivos previstos.

A reincidência do desastre em 2022 na região de Petrópolis (RJ), novamente com inundações e deslizamentos, ressalta a imprevisibilidade e as limitações da sociedade frente aos eventos extremos, que por sua vez, tem se tornado cada vez mais frequentes e de maior magnitude. Dados da UN Water referentes ao ano de 2020 indicam que a ocorrência de inundações e eventos extremos de precipitação aumentaram mais de 50% na última década e, atualmente, estão ocorrendo a uma taxa quatro vezes maior do que em 1980. Já eventos relacionados a secas e ondas de calor aumentaram mais de um terço na última década, sendo registrados duas vezes mais do que em 1980. Conforme a United Nations High Commissioner for Refugees (UNHCR), desde 2008 uma média anual de 21,5 milhões de pessoas são forçadas a se deslocar devido a eventos relacionados a condições climáticas. De acordo com previsões do Institute for Economics and Peace (IEP), estima-se que esse número chegue a mais de 1 bilhão de pessoas até 2050, em decorrência das mudanças climáticas e dos desastres naturais.

Com a intensificação dos processos naturais, associados às mudanças climáticas, o desafio para a compreensão, representação e previsão de eventos extremos torna-se ainda mais complexo. Portanto, avanços científicos são essenciais para lidar com as incertezas introduzidas pelos efeitos das mudanças climáticas, em consonância com as características e singularidades climatológicas, geomorfológicas e sociais de diferentes regiões.

Somado a isso, a ocorrência da pandemia de COVID-19 dificultou ainda mais a situação, na medida em que testou a capacidade do sistema e dos métodos atuais de gerenciar desastres simultâneos. O planejamento para desastres naturais potencialmente simultâneos é crucial para garantir que as comunidades estejam suficientemente preparadas para as complexidades que podem surgir de crises sobrepostas. Para isso é necessário que se disponha de conhecimento especializado, informações robustas, experiência e profundas análises da exposição social e vulnerabilidade ao perigo.

Exposto isso, questionamos o quanto estamos aptos a lidar com cenários futuros, sob a perspectiva das mudanças climáticas. Estamos alinhados e comprometidos a uma agenda resiliente diante da exposição da sociedade aos efeitos dos desastres futuros?

Comissão Organizadora do III END

 

 
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